BIDEN RENDEU-SE AO…  REI

Delegações oficiais dos Governos de Angola e dos Estados Unidos da América mantiveram hoje uma reunião no Palácio Presidencial da Cidade Alta, em Luanda, no âmbito da visita de Estado que o Presidente Joe Biden efectua a Angola. O encontro ocorreu logo depois de os dois Chefes de Estado terem conversado a sós sobre um conjunto de temas de interesse para Angola e os Estados Unidos da América.

Na abertura do diálogo, o Presidente general João Lourenço, saudou vivamente a presença em Angola de Joe Biden, sublinhando o registo de ser está a primeira vez que um presidente americano pisa solo angolano.

Vejamos, na íntegra, a intervenção do Presidente da República de Angola, igualmente Presidente do MPLA, Titular do Poder Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas:

«No meu nome pessoal, no do Executivo angolano e do povo angolano, desejamos a Si, Senhor Presidente Joe Biden, e à delegação que o acompanha, boas-vindas a Angola, boa estadia e votos de muito sucesso nesta missão.

A República de Angola e os Estados Unidos da América mantêm relações político-diplomáticas desde 19 de Maio de 1993, que têm vindo a crescer ano após ano, sobretudo desde que em Angola demos início ao combate sério contra a corrupção e a impunidade e estamos a criar um melhor ambiente de negócios.

O Presidente angolano José Eduardo dos Santos foi recebido na Casa Branca em Setembro de 1991 e Dezembro de 1995, pelos Presidentes George Bush e Bill Clinton, respectivamente.

Agradeço o facto de o Presidente Joe Biden me ter recebido de forma muito amistosa e calorosa na Casa Branca, no dia 30 de Novembro de 2023.

Os dois países têm trocado visitas de delegações ministeriais e empresariais, sendo de destacar as visitas dos Ministros da Defesa Nacional de Angola e do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas Angolanas a Washington D.C e as visitas de vários Secretários de Estado americanos a Luanda e, mais recentemente e pela primeira vez, do Secretário de Defesa americano e do Director da CIA a Luanda.

Ao realizar esta sua visita de Estado a Angola, em vésperas de Angola comemorar 50 anos da sua Independência Nacional, ficará registada na história de ambos os países como a primeira de um Presidente americano a pisar solo angolano.

Isto não só enterra um passado das nossas relações em que, no quadro da Guerra Fria, nem sempre estivemos alinhados, como marca um importante ponto de viragem nas nossas relações, que sem sombra de dúvidas conhecerão uma nova dinâmica a partir de hoje.

Pretendemos trabalhar juntos na atracção do investimento directo americano para Angola, na abertura de oportunidades de comércio e de negócios de investidores angolanos no mercado americano.

Gostaríamos de ver incrementada a cooperação no sector da Defesa e Segurança, no acesso às escolas e academias militares, no treino militar em Angola, realizar mais exercícios militares conjuntos, cooperar mais nos programas de segurança marítima para a protecção do Golfo da Guiné e do Atlântico Sul, assim como no programa de reequipamento e modernização das Forças Armadas Angolanas.

Importantes projectos de investimento público estão em curso com o financiamento do EXIMBANK americano, do CITI Capital e a Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional DFC, com empresas americanas como a SUN África, a Africell, a Mayfair Energy, a Acrow Bridge, a GATES Air entre outras, sem falar das petrolíferas CHEVRON e ESSO que estão em Angola há várias décadas, assim como inúmeras empresas americanas prestadoras de serviços no ramo petrolífero.

Com a empresa Amer-Con, estamos a trabalhar na construção de silos de grãos e pontos de recolha em plataformas e parques ao longo do Corredor do Lobito e de outros pontos considerados potenciais celeiros do país, no quadro da segurança alimentar.

No sector da Saúde, com a USAID, a GAVI e o Fundo Global, temos beneficiado bastante dos programas de combate à malária, à tuberculose, ao VIH-SIDA, à Covid-19, assim como do programa de cirurgia robótica que começa a ser uma realidade em Angola, em parceria com um renomado Hospital de Orlando.

Gostaríamos de ver os investidores americanos envolvidos na construção das linhas de transportação de energia em alta tensão no regime de parcerias público-privadas para os países da África Austral, nomeadamente para a região do Copper belt na Zâmbia e RDC, assim como para a Namíbia conectando à rede eléctrica dos países da SADC.

Nosso projecto ANGOSAT 2 trabalha com a NASA e a Maxar na aquisição de imagens satélite de alta resolução para a monitorização das calamidades naturais, nomeadamente na implementação do nosso Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola PCESSA.

O país está no processo de aquisição de seis aeronaves BOEING 787 Dreamliner, cujas primeiras entregas acontecem já no início do próximo ano de 2025.

Estamos também a trabalhar com a empresa americana WICKS Group Consulting para a ascensão de Angola para a Categoria 1 da Administração Federal da Aviação, o que poderá ficar facilitado com a entrada em funcionamento pleno do Aeroporto Internacional António Agostinho Neto.

Enaltecemos o facto de, em Junho de 2025, Luanda albergar a realização da Cimeira EUA/África, que vai aproximar políticos, empresários, académicos e a sociedade civil americana e africana para falar de negócios, de história, de cultura, enfim, de interesses cruzados.

Vossa visão e engajamento para o sucesso do Corredor do Lobito, assim como vossa grande contribuição para o nosso programa de transição energética, com a construção dos parques solares no sul de Angola, serão sempre lembrados como sendo um grande contributo para a segurança alimentar e energética, para o desenvolvimento económico e social de Angola e da região austral de África.

Claramente embevecido pela eloquência e eruditismo do general João Lourenço, Joe Biden rendeu-se:

«É bom vê-lo novamente. E obrigado por me receber aqui, hoje. Digo isso com toda a sinceridade. Eu brinquei com você mais cedo, quando disse que nós, os Bidens, somos como parentes pobres.

Aparecemos quando somos convidados, ficamos mais tempo do que deveríamos, comemos toda a sua comida e não sabemos quando ir embora.

Mas você tem sido muito generoso e hospitaleiro. Obrigado! Estou muito orgulhoso de ser o primeiro Presidente americano a visitar Angola.

E estou profundamente orgulhoso por tudo o que fizemos juntos para transformar nossa parceria até agora. Há muito pela frente, muito que podemos fazer. Os resultados até agora falam por si:

⁃ Construir uma linha ferroviária de acesso, de oceano a oceano, que vai conectar o continente de Oeste a Leste, pela primeira vez na História.

⁃ Investir em projectos de energia solar que vão ajudar Angola a gerar 75 por cento da sua energia limpa até ao próximo ano.

⁃ Actualizar a infra-estrutura de Internet e comunicações, para conectar todas as redes de Internet de alta velocidade de Angola.

Enquanto fazemos isso em casa, também comparo isso quando Franklin Roosevelt levou electricidade para a América rural. Não existia electricidade na América rural. O governo forneceu.

Bem, hoje em dia é difícil seguir adiante nos negócios ou na pecuária, ou em qualquer outra coisa, sem acesso à Internet. Saber o que está a acontecer, quando vender o seu produto e coisas do tipo, é crucial.

Aumentar a nossa produção agrícola para que os angolanos possam se alimentar e, com toda a franqueza, alimentar o resto do mundo, lucrando com isso, gerando trabalho, proporcionando oportunidades, dando força à sua economia.

Por isso, os angolanos, disse eu, não só podem alimentar-se a si próprios, como é difícil para as pessoas de um país que só tem as fronteiras do Oceano Pacífico e do Oceano Atlântico compreenderem que é difícil fazer chegar um produto de um país a outro que precisa urgentemente de produtos agrícolas, mas você não consegue chegar lá.

Ao conseguir, você não apenas ajuda essas pessoas, mas ajuda a si mesmo e faz a sua economia crescer. E você já me ouviu dizer isso antes, Senhor Presidente: ‘os Estados Unidos estão totalmente comprometidos com África’.

E acho que um testemunho dessa afirmação que fiz a você quando o vi, e já o fiz publicamente antes, já me ouviu dizer isso antes, mas os Estados Unidos estão totalmente comprometidos com Angola.

Já investimos, só na minha Administração, mais de 3 mil milhões de dólares em Angola até agora. O futuro do mundo está aqui em África, em Angola.

Então, durante esta visita, espero discutir como podemos continuar a garantir que a democracia traga resultados para as pessoas, porque, se elas não acreditarem que é uma democracia, não vão acreditar que fazem parte de um acordo.

Não vão acreditar que fazem parte disso. E você tem trabalhado muito para estabelecer uma boa democracia. E, em segundo lugar, como podemos ajudar a construir fortes laços entre as nossas nações, os nossos negócios e o nosso povo?

Há muito a dizer sobre tudo isso. E sei que estamos preparados e estamos no caminho certo para responder a muitas questões. Mas acho que você deve entender o quanto estamos dispostos a nos envolver.

E, como disse ao Presidente, não achamos que, porque somos maiores e mais poderosos, somos mais inteligentes. Não achamos que temos todas as respostas.

Estamos prontos para ouvir as suas respostas às suas necessidades, particularmente respostas sobre o financiamento internacional da dívida e uma série de outras coisas que estamos prontos para discutir.

Então, quero agradecer muito pela sua recepção pessoal. Quero agradecer a todos os seus colegas por nos tratarem tão bem, desde que chegámos aqui.

E digo isso do fundo do meu coração. O futuro do mundo está em África. Isso não é exagero. Em breve, haverá mil milhões de pessoas neste continente, um continente muito diverso.

E, mais 20 anos, vocês serão o maior país e continente do mundo. E precisamos que vocês tenham sucesso. Isso não é totalmente altruísta. Quanto mais vocês têm sucesso, mais nós temos sucesso, mais o mundo tem sucesso.

Então, obrigado por estar disposto a me receber, disposto a falar comigo. E espero um relacionamento longo.»

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